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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Humanismo Renascentista

Por: Séfora Semíramis Sutil Moreira[1]

Introdução

            O Renascimento distancia do pensamento escolástico que era mais pragmático e ortodoxo. Tem-se então a transição da filosofia contemplativa (escolástica) para a contemplação da vida ativa (renascentista).

Magia: neste contexto significa um conjunto de conhecimentos que são capazes de modificar o mundo humano.
Mago: O mago é o indivíduo que domina este corpo de conhecimento filosófico e transforma a natureza a favor do homem – modifica a natureza em prol do bem-estar humano.

            Petrarca[2] resgatou o latim clássico, pois nas universidades medievais se estudava o latim vulgar, que estava longe de suas raízes. Esta vertente tinha uma obsessão na busca pela pureza da língua, pois acreditavam que o conhecimento estava sendo mal interpretado e assim, mal ensinado nas universidades. Portanto, eles buscaram esta pureza da comunicação e da escrita. Pode-se dizer que eles buscam a beleza da linguagem, beleza, neste sentido, trata-se de escrever/comunicar de forma clara, nem chula e simplória e nem rebuscada demais ao ponto de ser tornar incompreensível e confusa. É a busca pela clara expressão.
            A importância que se dá aos clássicos é então o resgate a boa oralidade (a retórica). Este resgate não deve ser interpretado como a cópia dos clássicos, mas da maneira como se comunicavam; da livre forma de pensar; e da elegância da expressão oral; enfim, da atitude do homem clássico. Era também o resgate da liberdade de pensamento.
            O humanismo, então, tem interesses diversos no que diz respeito aos diferentes pensamentos filosóficos, por isso fazem forte crítica à metodologia dos escolásticos medievos – ao fato de se restringirem a alguns autores e tomarem suas produções como verdades absolutas e incontestáveis.
            A grande crítica concerne, portanto, às verdades absolutas dadas nas universidades. Os renascentistas não acreditam em uma verdade pronta (que possa ser dogmatizada) e sim na procura do conhecimento do indivíduo na natureza – a verdade é a resolução que o indivíduo faz de suas buscas, mas isto não significa que a verdade por ele encontrada seja a última (que não possa ser discutida).
            Os renascentistas acreditavam que o conhecimento não poderia ser encontrado nos escritos e sim na procura que a pessoa faz pelo conhecimento, pois quando se procura (em seu permeio) se chega a conclusões; se pensa sobre; se duvida. Enfim, o conhecimento não é um objeto pronto que se compra, mas o cominho instigante em busca do entendimento sobre algo; é questionar o que está escrito; e era somente assim que se poderia obter uma verdade (verdade esta que estava livre ao debate).Portanto é característico dos humanistas de ter variados textos sobre variados assuntos.
            O resgate da língua vernácula tem a funcionalidade de possibilitar a leitura dos clássicos. E a retórica servia para a prática, visto que a intenção do Renascimento era a formulação de teorias que pudessem orientar e modificar para melhor a vida humana (magia) e foi através da retórica que se pode fazer entender aos demais indivíduos.

Erasmo de Roterdam (1466-1536): Tinha como referência intelectual Lorenzo Valla. Estes dois autores também criticam muito o pensamento escolástico (dogmatizado), criticam a hierarquia na universidade medieval.
Lorenzo Valla dizia que para se conhecer a Deus tinha-se que ler a Bíblia, palavra de Deus, no seu escrito original. Como esta estava escrita em outra língua (aramaico, grego) era preciso o profundo conhecimento de outras línguas. Valla refaz as traduções da Bíblia e contesta as verdades que eram ensinadas – disse que eram falsas verdades, visto que as traduções estavam mal feitas.
Erasmo de Roterdam se apropria das proposições de Valla, acredita que precisava ser refeita a tradução da Bíblia, criticou os livros desta.
            Valla e outros autores chegaram à conclusão de que a interpretação dos textos era importante para a compreensão do sentido que nele se insere. Perceberam que o texto tem sua historicidades (seu lugar e seu tempo histórico). Também compreenderam que a língua modificava-se no tempo, e que, portanto, precisava-se de métodos diferentes para se compreendê-los. Valla, através de seu conhecimento da língua, conseguiu datar os textos e percebeu que alguns deles estavam datados erroneamente.

Doação de Constantino: o documento de suposta doação de terras à igreja do imperador Constantino era falso. Através do dialeto pode-se perceber que se tratava de uma falsificação, a linguagem utilizada não condizia com a do tempo do imperador, era posterior.

            A grande crítica de Valla era a maneira como um texto de outro tempo era lido, pelo escolástico, como se fosse escrito pelos homens daquele tempo contemporâneo (anacronismo).
            A obra de Lorenzo Valla ficou conhecida, e foi polêmica, no início do séc. XVI devido à invenção da imprensa e a diminuição dos custos para fabricação de livros. A partir deste momento, as suas obras passaram a ser lidas por outros pensadores e, assim, fez com que fortalecesse seu pensamento e suas técnicas. O pensamento humanista passou por construções pelo tempo, sendo fortalecido por autores/pensadores diversos (bons gramáticos e teólogos). As transformações do humanismo deram origem ao Renascimento. O Renascimento é, portanto, a busca pela capacidade criativa dos antigos; um resgate da vitalidade do mundo antigo. Ou seja, é a fuga da repetição sem questionamentos feita pelos escolásticos. O renascimento é a recuperação da “dinâmica cultural”.
            O antropocentrismo humanista concerne em colocar os problemas/construções e pensamentos do homem no centro da discussão. As modificações/ transformações do homem é que se tornam importantes neste contexto. Era a experiência do homem que lhe proveria o acesso à felicidade – por isso a importância do homem para os humanistas.
            A técnica passou a ser valorizada pelos gramáticos humanistas, isto para auxiliar no entendimento da palavra. A técnica é fundamental para o conhecimento de mundo, ou seja, não é somente a leitura que traz verdade. O domínio da técnica neste tempo foi chamado de magia (o que hoje é chamado de tecnologia).
            Os humanistas introduzem a preocupação com a língua, livros e com as técnicas. Tentam a reprodução dos elementos naturais por meio da técnica, para encontrar o conhecimento da natureza, ou seja, eles passa a se preocupar com a experiência (alquimia). O uso do conhecimento lingüístico advindo dos livros para a reprodução, através da experiência, em prol da reprodução da natureza é a magia.
            Estes empiristas chegam ao entendimento de que a formação da natureza é material e se constitui através da combinação de diferentes matérias. Portanto, passaram a ser materialistas e não transcendentes como os escolásticos. As críticas dos humanistas entram em confronto com os escolásticos devido aos sentido de autoridade muito utilizado por estes últimos.

Marcílio Ficini e Pico della Mirandola: eram do grupo hermetista (têm relação com os alquimistas), eram mais preocupados com as questões cósmicas – explicação cósmica do universo. Estes eram filósofos da natureza (cientistas).
Hermetismo: sua tese fundamental é a da “luz e do amor”, estas são substâncias que correspondem a força motriz do universo. Hermes (séc. III) disse que a atração pelo amor traz transformações. O amor universal faz com que o universo se movimente – lei do amor universal.

            A concepção da lei do amor universal faz com que estes humanistas fossem capazes de modificar a natureza a fim de promover a atração dos corpos (força da amor) em prol da felicidade humana. O indivíduo que consegue modificar as forças da natureza em prol da felicidade humana é considerado um mago.
            Os humanistas tinham uma grande preocupação em compreender o trabalho técnico. Francis Bacon disse que era de suma importância a busca do conhecimento dos artífices e suas técnicas a fim de apreendê-los para o melhoramento da vida ativa – isto deu início ao que hoje é chamado de tecnologia.
            A idéia era apropriar os conhecimento naturais, dominá-los e manipulá-los em benefício do homem. Este antropocentrismo vai contra ao pensamento anterior, que acreditava que os benefícios feitos ao homem deveriam ser feitos somente se fosse com o intuito de deixá-lo mais próximo de Deus. Portanto, esta nova idéia vai contra o pensamento religioso.

Leonardo da Vinci: foi um renascentista que se destacou por ser um homem muito preocupado com o conhecimento universalista (enciclopedista). Seus códices são documentos de profundo estudo científico que, com suas ilustrações, traz grande preocupação com o detalhe. Isto justifica sua fama nos trabalhos artísticos (pinturas e desenhos); além da variedade dos seus estudos científicos (sobre movimento das águas; controle do ar/gravidade pelo vôo; anatomia humana, etc.). Sua arte não estava tão-somente caucada nas funções emocionais, tinha o objetivo de fazer com que os homens compreendessem o funcionamento da natureza. Em outras palavras, o entendimento da natureza por meio da razão e da emoção.

Alberti: foi um arquiteto renascentista que também buscava a melhoria da vida humana. Ele buscava fazer da arquitetura uma forma de organização da vida humana – a disposição dos prédios urbanos, ruas e vias tinham função de educar e formar o homem. A arquitetura era expressão da política.

Estes renascentistas, cientistas e pesquisadores, eram muito criticados, pois ia contra tudo o que se vinha pregando como correto há muito tempo.
            O movimento humanista renascentista foi pequeno, não teve muitos adeptos nem grandes dimensões de suas idéias, entretanto, não foi insignificante – teve a capacidade de se manter no tempo.





[1] Graduando em licenciatura/ bacharelado em História pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) - 2015
[2] Petrarca (1304-1374) foi um humanista representante da primeira fase dos humanistas, aprimorou as idéias de Dante Alighieri. 

História Econômica: considerações sobre um campo disciplinar

BARROS, José D’Assunção. História Econômica: considerações sobre um campo disciplinar. Revista de Economia Política e História Econômica: Nº 11, 2008.

Por: Séfora Semíramis Sutil Moreira[1]

      História Econômica: atualidade de um campo histórico

A Economia é campo de estudos historiográficos, a princípio estava mais relacionada com a “antiga historiografia” (História tradicional) – aquela tida como factual ou a história dos “grandes homens” e dos “grandes acontecimentos”. Com as inovações do Séc. XX, em âmbito historiográfico, principalmente inseridas pela escola dos Annales, a Economia não é mais somente uma parcela dos complexos político-sociais – passa a ser um dos campos desta História multidisciplinar: História Econômica.

      Algumas noções fundamentais da História Econômica

Sistema econômico: Segundo José D’Assunção Barros ao citar Witold Kula[2] “Um sistema econômico é (...) um conjunto de dependências econômicas reciprocamente ligadas que (...) surgem mais ou menos ao mesmo tempo e se desfazem, também, aproximadamente ao mesmo tempo.”[3]
Portanto, segundo José D’Assunção Barros, Witold Kula admite “Sistema Econômico como um conjunto maior que integra (...) certos fatos econômicos”
Os Sistemas Econômicos (S.E.) estão relacionados com o surgimento das sociedades e seu deslocamento na história (em seu tempo), mas não são realidades estáticas e eternas, segundo, José D’Assunção Barros. Os S.E. têm dinâmica própria e tendem a se transformar, ipso facto, podem em dada altura não ter mais relação com o que eram em origem. O autor diz que um “sistema econômico” possui uma historicidade. Assim como um S.E. é variante no limiar tempo, num tempo pode não haver um sistema econômico específico, ou seja, por mais que um S.E. esteja diretamente relacionada com a economia dos sujeitos desse tempo, dizer de seus proventos e lucros, esta pode não ser exclusiva de adoção desses que estão em seus tempos. A História nos ajuda a compreender melhor este fato que parece paradoxal. Quando um fato paradoxal desses é visto dentro de seu contexto histórico passa-se a entende-los melhor, pois de outra forma, como poderia um sujeito promover ações que não lhe sejam favoráveis do ponto de vista econômico? Uma dessas situações desvantajosas pode ser explicada, por exemplo, pelo simples fato de o indivíduo desejar manter um status perante sua sociedade.
Destarte, o que José D’Assunção Barros quer mostrar é que uma prática econômica, por mais forte que seja, não está passível à universalidade. Porém, o que José D’Assunção Barros diz quando aponta Witold Kula é que também não se pode em um determinismo relativista e se pensar que não hajam sistemas que estejam fixados nas sociedades em dados momentos.
“Até a década de 1930 predominaram os sistemas econômicos dirigidos para o equilíbrio estático.” Após a “Grande depressão”, crise de 1930,no foco econômico se modifica, passa a se pensar sobre as conseqüências sociais que um problema econômico pode acarretar. Passa-se a relacionar as questões econômicas com as sociais – o emprego, custo de vida, empobrecimento, e outras.
Neste processo transitório da visão economicista eis que a figura do historiador econômico entra para traçar e problematizar as “linhas” de acontecimentos, buscando levantar os benefícios e prejuízos de uma ação econômica nas vidas dos assalariados, por exemplo. Em outras palavras, problematizam o quanto se pode todas as “questões” relacionadas à Economia social – desta forma a Histórica Econômica torna-se mais complexa.
Nesta nova perspectiva novas instituições são instauradas. Instituições estas que estavam exógenas aos sistemas econômicos e que passam a se integrar a elas – ex.: institucionalização de âmbito social que é integrada à parte endógena do S.E. Assim também como se criam novas instituições provindas do próprio sistema econômico que atendam às preocupações sociais.
Desta maneira, segundo o autor, foi possível perceber, como outrora dito, que cada região de um mesmo país, por exemplo, tem necessidades econômicas diferentes que estão relacionadas com seus modos de produção e vida comercial e cultural. Um único sistema econômico para todo o país, destarte, não se enquadraria às diversas situações regionais. José D’Assunção Barros foi o que aconteceu no Brasil nas décadas de 1980 1990 com início de indagações sobre a situação dos modelos econômicos impostos no Brasil do período escravocrata.

3    Fontes e Métodos

Noção de série: “A noção de ‘série’ (...) é um determinado conjunto de fatores estabelecidos pelo historiador com vista à quantificação e serialização de dados, sendo estas fontes (...) assinaladas por uma relação de ‘continuidade’ e, freqüentemente, abundantemente disponíveis para o historiador” (BARROS, p. 26, 27, 2008)
Métodos: Abordagem estatística das séries
As abordagens de caráter estatístico das fontes seriais pelo historiador econômico dão origem à História Serial ou Quantitativa. Esta quantificação à História tem início no estudo da história dos preços. Labrousse[4] fez amplos estudos sobre a variação dos preços na França do Séc. XVIII, utilizando-se de fontes oficiais e de outros registros contábeis (não oficiais).
Segundo cita em seu artigo, o autor Barros, nos anos 1950 na América do Norte surge uma corrente que se denomina “História Quantitativa” a partir dos trabalhos de Kuznets[5]. Tratava-se de uma História Econômica preocupada em classificar, ano a ano, os fluxos econômicos (BARROS, 2008, p. 29)

4.      Limites, riscos e objetivos da História Econômica

- Anacronismo: “(...) importar indevidamente para uma determinada sociedade (...) uma racionalidade econômica que são os de nosso tempo.” (BARROS, 2008, p. 31)
- “Fetiche da quantificação”: a construção da História Econômica não deve se limitar às quantificações serial, pois se torna factual e, portanto, inocentemente limitadas às oficialidades.

5    A história Econômica no Brasil

 Desde os anos 1930 a História Econômica tem sido um campo frequente dos historiadores, com a tendência de descobrir ou formular um modelo econômico exclusivo que se adéqüe às situações nacionais. Os trabalhos posteriores à década de 1970 têm caráter diferente, fogem da serialidade que tinha-se outrora.




[1] Graduando em licenciatura/ bacharelado em História pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) - 2014
[2] Witold Kula foi um cientista social, historiador e economicista polaco (1916 – 1988)
[3] BARROS, José D’Assunção. História Econômica: considerações sobre um campo disciplinar. Revista de Economia Política e História Econômica: Nº 11, 2008.

[4] Ernest Labrousse foi um Historiador Econômico Frances do século XX (1895 – 1988).
[5] Simon Smith Kuznets foi um economicista russo naturalizado norte americano (1901 – 1985)

Filosofia: de Tales de Mileto a Santo Agostinho

Por: Séfora Semíramis Sutil Moreira[1]

Do mito ao conhecimento racional            

            A filosofia nasce a partir da admiração do homem à natureza e se desenvolve pelos questionamentos que este faz às coisas da natureza para tentar compreendê-la. Quem se admira por que julga ignorar e quem ama o mito, amam a sabedoria, deste modo, podem ser considerados, de certa forma, filósofos. [2]  
            Quem estuda filosofia sempre se deparará com os mitos e com os assuntos religiosos, no entanto, o próprio nascimento da filosofia partiu do desvinculo dela com o mito e a religião. Tales de Mileto (c. 625/24 a 558/6 a.C.), considerado o pai da Filosofia, afirmou que “o princípio era a água.” Atribuiu a existência do homem à Natureza e não aos deuses como acreditavam as pessoas daquela época (e ainda hoje acreditam muitos). A negação ao princípio teológico foi uma conseqüência da busca de Tales pela compreensão através do uso da razão (logos [4]). 
            Depois de Tales de Mileto vieram muitos outros pensadores e a maioria deles, também, se debruçaram nas questões dos fenômenos da Natureza. Esses filósofos foram chamados de físicos[6] ou, como é mais comum de se ouvir, de pré-socráticos[7]

Sobre alguns filósofos

            Tales de Mileto (c. 625/24 a 558/6 a.C.)

            Tales de Mileto foi de ascendência fenícia e nasceu na Jônia, Ásia Menor. Floresceu pelo ano de 585 a.C. Foi o primeiro físico ou investigador das coisas naturais. Não deixou nada escrito que chegasse até nós. Tales foi um filósofo pré-socrático – um hilozoíta: aquele que atribui vida e geração de vida à matéria e não ao mito e/ou à religião. [8]

            Anaximandro de Mileto (c. 619 – 547 a.C.)

            Anaximandro foi discípulo e sucessor de Tales. Foi geógrafo, matemático, astrônomo e político. Escreveu um livro intitulado “Sobre a Natureza”, mas este se perdeu à nossa atualidade.
Para Anaximandro o princípio era o ilimitado (aperion), pois a vida se corrompe (tudo que é vivo está fadado a morrer). O ilimitado é o que dá a vida, neste sentido a vida terrena se acaba e passa a outro estágio.

            Heráclito de Éfaso (c. 540 – 470 a.C.)

            Heráclito nasceu em Éfaso, na Jônia. Desprezava a plebe; não entrevia na política; desprezava os antigos poetas e os filósofos de seu tempo; desprezava a religião. Foi considerado por muitos o mais eminente filósofo pré-socrático. Estabeleceu a existência de uma Lei universal e fixa (Logos) que regia todos os acontecimentos particulares e fundamentava a harmonia universal, harmonia esta, segundo este, feita de tensões. [9]

            Parmênides de Eléia (c. 530 – 460 a.C.)

            Nasceu na Eléia, foi discípulo do pitagórico Amínias. Combateu a filosofia dos Jônicos. Também escreveu um livro intitulado “Sobre a Natureza”.

            Sócrates (c. 469 – 399 a.C.)

Sócrates teve contato com Parmênides. Ele serviu a cidade de Atenas, foi discípulo de um filósofo pré-socrático. Em sua juventude fez estudos sobre física e chega a conclusão de que algumas verdades não condiziam – se depara com um ceticismo: conflito filosófico.
Ele dizia que não há como conhecer toda a Natureza, por isso voltou-se para o autoconhecimento. Seguia o oráculo de Delfos que dizia: “Conheça-te a ti mesmo”. Depois de receber este oráculo começou a buscar o conhecimento do homem.

Os sofistas

            Os filósofos não colocavam em questionamento suas descobertas, não as problematizavam socialmente. E, ao mesmo tempo em que levantavam questionamentos sobre as ditas verdades também não deixavam de acreditar totalmente nestas verdades.
            Já os sofistas eram mestres na arte da demagogia. Eram argumentativos técnicos que conseguiam, através da palavra oral, convencer qualquer um sobre qualquer coisa – sendo esta verdadeira ou não. Os sofistas, muita das vezes, se passavam por filósofos[10] por causa de suas boas digressões. Para se tornar um sofista também se passava por ensinamentos. Os discípulos sofísticos tinham que aprender a Retórica (oratória). Os sofistas cobravam pelos ensinamentos.

Tipos de sofista
Nome
Descrição
Exemplos
Sofista Mestre
Foram os primeiros sofistas
Protágoras [11], Górgias [12]


Sofista Erista [13]
Os sofistas eristas eram os discípulos dos sofistas mestres. Eram mais ignorantes, grosseiros e com menos conhecimento do que os Mestres.


Trasímaco



Sofista Político
Utilizavam-se da retórica para tirar proveitos na política. Tinham mais conhecimento e eram menos grosseiros.
Péricles [14]

            Os sofistas estavam preocupados em saber as virtudes do homem: beleza, coragem, etc. Não se preocupavam com a Natureza. Não se aprofundavam muito na busca do conhecimento das virtudes e por não mergulharem no assunto acabavam por não conseguir formular um conceito. Pode-se dizer que Sócrates estavam um pouco a frente dos demais sofistas, pois compreendia que nada sabia.


Platão (431 – 347 a.C.)

            Platão era de linhagem nobre e estava ligado a pessoas importantes. Platão foi um discípulo de Sócrates e escreveu suas memórias, provavelmente iniciou com ele ainda em vida. Ele defendia que para ser um bom governante um rei tinha que ser filósofo [15], posteriormente, afirmou que era preciso haver boas leis[16].
            Platão deixa Atenas por muitos anos, mas volta em 335 a.C. e funda a Academia. Após a fundação da Academia, Platão se volta para os estudos matemáticos e isso deve, possivelmente, por um contato que teve com Pitágoras. Na Academia ele escreve os Diálogos.

Diálogos

I)                   Primeiros diálogos, Socráticos ou Diálogos da Juventude;
II)                Diálogos dialéticos ou Diálogos da maturidade.
            Os primeiros diálogos se concentram mais nas obras de Sócrates. Apresentam conteúdos fundamentados em aporias (impasses; dilemas). As questões levantadas, em geral ou totalmente, não levam a conclusões. Exemplos: Apologia, Etríton (piedade), Críton (dever), Carmendes (amizade), Lísias, Hipias maior e menor (beleza), Protágoras, Mênon (conhecimento), Górgias (retórica). Os Diálogos da Maturidade são: Fédon (sobrevivência da alma), República, Justiça, Teeteto, Sofistas (política), Parmênides, As leis.
            A Academia sobreviveu a Platão, um sobrinho dele assumiu a direção no lugar de Aristóteles, que foi seu pupilo mais proeminente. Por este motivo Aristóteles se desvinculou da Academia, sai de Atenas e quando volta funda o Liceu[17].

 Filosofia de Platão

·         Teoria das Idéias;
·         Teoria dos princípios;
·         Demiurgos.

            Teoria das Idéias: Concepção de que existe um mundo além do material que conhecemos. Este outro mundo seria o “mundo das idéias”. Neste mundo das idéias, metafísico, é onde se consegue compreender noções sobre o belo, justo, amor, bem, etc.
            A noção de bem é central e as demais derivam dela. O bem seria a essência das demais idéias – o uno. Ou seja, é uma concepção esotérica[18] na qual as outras noções estão dentro da noção uno. 
            Há mais realidade na parte direita do corte da reta e a parte esquerda seria um suporte da direita. Em ambos os mundos, visível e inteligível, há realidade. Mesmo, com a aparente metafísica que o mundo inteligível transpareça ele é real – e mesmo a negação de sua existência ou de sua realidade já é a afirmação do pressuposto que ele exista.
            A afirmação dogmática da não existência de algo soa ingênua. E de mesma ingenuidade gozam aqueles que afirmam com veemência a existência de algo.
            Do pressuposto de mundo inteligível e visível surge a teoria da reminiscência (Anamnese). Esta teoria consiste na afirmação de que no Reino dos Mortos, comandado com Hades, há o Rio do Esquecimento, Lethos, onde as almas desencarnadas quando por ele passam se esquecem de tudo que sabiam para novamente encarnar em um corpo material do mundo visível. Porém, aqueles mais dotados de conhecimento não se esquecem de tudo. Isso justificaria o nascimento de pessoas que têm mais facilidade para aprender[20].
            Paidéia[21] é fundamental para Platão: conhecer a ti mesmo é a base conseguir alcançar o conhecimento do bem e, destarte, alcançar a educação.

Elementos que compõe o conhecimento do real

            Os elementos são distribuídos em cinco, sendo o primeiro o nome, o segundo a definição, terceiro a imagem, quanto o conhecimento (ou inteligência) e o quito é o próprio real. Os três primeiros elementos são apenas uma representação do real (matrix), o quarto é o que mais se aproxima do verdadeiro real. É a través do quarto elemento que se chega mais próximo ao quinto.

Aristóteles

            Aristóteles (385 – c. 322/21 a.C.) não era de família aristocrática e, diferentemente dos filósofos anteriores, separa a filosofia do governo da cidade. Ele foi professor de Alexandre da Macedônia que, posteriormente, se tornou Imperador. Estudou na Academia como pupilo de Platão, mas após a morte deste deixou a Academia e a própria Atenas, quando voltou fundou o Liceu.
            Aristóteles formulou seus próprios métodos e divergiu em muitos quesitos de seu mestre Platão. Platão utilizava o método dialético enquanto Aristóteles utilizava o “exame sistemático das doutrinas dos antecessores e sua crítica.” [23] Ele dividia seus ensinamentos em exotéricos e esotéricos, sendo o primeiro destinado aos alunos sem conhecimento filosófico prévio (nas palavras de Rouanet, os não-especializados) e o segundo para os que já tinham um conhecimento prévio sobre filosofia.
            Aristóteles afirma que o homem tem um desejo natural pelo conhecimento e que isso se faz pelo espanto. Porém, esse desejo não é tão espontâneo quanto se pensa, ele parte do contato com as aporias da vida e da natureza (de impasses que parecem não ter solução) e da procura por uma solução. [24] O ensinamento da Aristóteles era bem vasto, são chamados saberes teoréticos[25]. Os saberes teoréticos se dividem em: Física, matemática, filosofia teológica ou primeira. O conjunto dos saberes práticos (fruto da praxis[26] humana) se divide em: Ética e Política.
            Para este filósofo conhecer significa conhecer pela causa, a causa é que dá o caráter científico. As ciências teoréticas estudam o conhecimento das causas daquilo que é natural ou proveniente da natureza, ou seja, que não seja fruto da praxis humana. Já as ciências práticas (ou teóricas) estudam o conhecimento daquilo que foi fruto de uma ação humana. Através desta busca do conhecimento das causas (conhecimento científico), Aristóteles, mais uma vez, diverge com Platão. Pois, se Platão era mais abstrato em suas teorias e explicações (Teoria das Idéias, por exemplo) Aristóteles era da experimentação.

            Para Aristóteles havia quatro possíveis causas para os acontecimentos, ou para as aporias, sendo estas:

·         Formal ......................................... idéias;
·         Eficiente ou motora .................... trabalho empregado para a confecção de algo;
·         Material ....................................... aquilo do que se é feito;
·         Final ............................................. para o que serve aquilo que se construiu.

            No século XVIII esta noção de conhecimento através da causa foi criticada por Hume, filósofo escocês. Este dizia que não é possível se conhecer totalmente as causas. Posteriormente, a física quântica, introduzida por Einstein, afirmou a importância de se saber as causas, uma vez que não se pode ter certeza do que aconteceu ou do que levou ao acontecimento (Tem-se, pelos estudos de Heisenberg, o Princípio da Incerteza).

Conhecer é conhecer a causa
Não posso conhecer a causa

Modus Tolles
Logo, não posso conhecer


Princípios lógicos de Aristóteles

I)             Princípio de identidade
II)            Princípio de contradição
III)           Princípio do terceiro excluído

            Quando se passa de uma afirmação universal afirmativa para o campo pessoal/ particular tem-se uma dedução. Quando se parte de um raciocínio particular pra uma afirmação que seja universal tem-se uma indução
Karl Popper, no século XX, coloca em cheque o princípio dedutivo como fonte para o conhecimento científico, questiona o silogismo[27].

As afirmações passam pelos juízos:
·         Assetóricos (categórico);
·         Hipotéticos
·         Disjuntivos (delimita as possibilidades)

“Todo silogismo é composto de um termo maior (no caso, ‘mortal’), um termo médio (no caso, ‘homem’) e de um termo menor (no caso, ‘Sócrates’). O termo médico é a ligação entre a premissa maior e a menor.” [29]

Premissa Maior .................... termo maior
Premissa Menor ................... termo médio
Conclusão ............................ termo menor

            O termo médio tem que estabelecer uma relação entre os extremos (Premissa maior e Conclusão). A Conclusão sempre acompanha a parte mais fraca. E nada se conclui de Premissas que sejam particulares.

“Todo homem é mortal, – Premissa Maior
Sócrates é homem. – Premissa Menor
Logo, Sócrates é homem – Conclusão. ”[30]

            A política

                        Sobre a Polis

            “Aristóteles vê a cidade (polis) como uma comunidade formada a partir da reunião de famílias, (...) que são os povoados, a cidade definitiva sendo ‘a comunidade constituída a partir de vários povoados. ’” [31]

                        Sobre a usura

            Sobre a venda de serviços e/ou troca de produtos que gere algum tipo de lucro para o “vendedor”, ele se posiciona contra (contra a usura), mas diz que é decorrente do uso do dinheiro.

                        Sobre a propriedade na visão aristotélica

I)                   Propriedade privada de uso comum
II)                Propriedade comum de uso privado
III)             Propriedade comum de uso comum

            Para este filósofo não pode haver bens privados de uso somente privado, um bem, independente de quem seja, deve beneficiar a todos. Também, não considera correta a segunda proposição (Propriedade comum de uso privado), pois acreditava que os indivíduos (famílias) trabalhando em propriedade que sejam sua são mais dispostos ao trabalho, se sentem mais estimulados em trabalhar em algo que é seu.
            Aristóteles coloca essas duas proposições como as formas de se conseguir viver em comunidade. No entanto, não deixa de considerar que as pessoas, mesmo em convívio, têm que ter suas particularidades. Dessa forma, ele defende a propriedade privada de bens que tenham sido almejadas por méritos pessoais.
            Em suma, ele não defende a divisão igualitária de terras e bens para um ajuste de diferenças, pois acredita que os esforços que levam as pessoas a conseguirem seus méritos são distintos e, sendo assim, mesmo após uma divisão igualitária em pouco tempo a diferença retornaria.

            Metafísica de Aristóteles

            Metafísica foi um nome dado pelos aristotélicos, mas foi um nome que se adequou ao assunto. Metafísica são os estudos de tudo aquilo que está acima da física, que ultrapassa as questões humanas.
            No século XVIII houve críticas e desconsiderações à importância da metafísica. O próprio Immanuel Kant criticou a Metafísica aristotélica, no entanto, não tentou se desfazer dela. Kant, tenta reformulá-la através de suas obras, em especial a “Prolegômenos à toda metafísica futura que se queria como ciência” (1785). 

Juízo Analítico
Juízo Sintético
Juízo a priori
Juízo a posteriori

Juízo aonde o predicado não acrescenta nada ao sujeito. Análise.
Acréscimo de informação ao que já se analisou. Especificação das propriedades do sujeito.

Anterior a qualquer experiência.

Necessita de dados empíricos para compreender o sujeito.

            Kant dizia que se a Metafísica existe ela é necessariamente de juízo sintético a priori, de uma informação de uma informação que se tenha concluído por concepções a priorísticas. Esta afirmação dele se baseou em sua concepção de que se conhece o objeto somente pelo que ele transparece ser (como ele se manifesta) [32]. Em outras palavras, ele diz que não é possível conhecer o objeto como ele é e sim como ele se mostra ser para os indivíduos. Assim, se conclui que o conhecimento é fenomenal [33]. Portanto, na visão kantiana, a Metafísica não é de todo subjetiva podendo ser experimentada.

Antinomia[34] da razão: questões que não se consegue compreender totalmente. Argumentos que se discutem entre si aos quais não se são possível optar por um ou outro, pois ambos são consideráveis.

Antinomia de Deus é um exemplo: imortalidade da alma; infinitude do mundo; livre arbítrio.
          
              As questões que chegam à antinomia são consideradas transcendentes, pois estão acima do conhecimento e capacidade de entendimento humano.
            Kant afirma que todos têm uma metafísica natural. Em algum dado momento da vida as pessoas se perguntarão: De onde vim? Para onde vou? O que posso esperar da vida? Quem criou o universo? Quem é Deus? Entre outras questões que não se tem resposta definida. E ele conclui que não há como acabar com as questões da metafísica. Sempre algum ser humano se questionará sobre estas questões.


                        Sobre o saber e o sábio


            A experimentação leva à ciência e à arte. A ciência é um conhecimento mais específico e a arte mais técnica. Os homens que conhecem a ciência e a arte possuem superioridade aos que conhecem somente uma delas (ciência ou arte isoladamente). A prática não consegue explicar os fatos e também distancia o homem do conhecimento científico. Pois, para se haver sapiência humana é preciso ociosidade. Dito de outra maneira, a falta de prática leva o homem ao pensamento e, consecutivamente, à sabedoria.

“A sabedoria diz respeito ao conhecimento das causas.” [35]

Sobre o sábio:

I)                   Conhece todas as coisas;
II)                Conhece as coisas difíceis;
III)             É mais sábio quem tem conhecimento das causas;
IV)             É mais sábio quem sabe ensinar;
V)                A ciência é hierarquicamente superior (a filosofia é superior);
VI)             Há mais sabedoria na ciência.

            Aristóteles diz que a ciência maior é a Filosofia, as demais estão a baixo dela. A sabedoria se dá pelo conhecimento do desconhecido sobre algo. “Sabe-se o que é, mas não sabe-se por que assim é.” [36]

Santo Agostinho

            Agostinho de Hipona (354 – 430 d. C.) “nasceu no momento de dissolução do Império Romano do Ocidente [no] início da Idade Média.” [37] Por preocupações sobre o próprio sustento tronou-se professor depois da morte de seu pai, fundou uma escola em Tagaste[38]. Neste meio tempo teve um filho, Adeodato, que morreu ainda na adolescência. Posteriormente, foi para Cartago, mas se decepcionou com o posicionamento dos alunos em sala de aula e foi lecionar em Roma, depois em Milão. Em Cartago teve contato com os princípios maniqueístas sobre o bem e o mau. Através das influências de Santo Ambrósio, Agostinho conseguiu embasamentos no cristianismo para refutar as idéias maniqueístas[39], mas pode-se dizer que ele sofreu influência maniqueísta.

            Aos 32 anos de idade aproximadamente, Agostinho relata ter tido um sinal divino que o induziu a ler a Carta de São Paulo e converteu-se ao cristianismo católico.

Não caminheis em glutonarias e embriaguez, não nos prazeres impuros do leito e em leviandades, não em contendas e emulações, mas revesti-vos de Nosso Senhor Jesus Cristo, e não cuideis da carne com demasiados desejos[40]

            Após se converter deixou o magistério. Trocou então as aulas pelas meditações e elaboração de uma filosofia cristã. Fez uma síntese entre a filosofia cristã e pagã e sistematizou esta filosofia. Por nomeação da Igreja tornou-se Bispo da Hipona, na África. Não gostava muito dos ofícios clericais, mas obedecia as atribuições da igreja. 


            Sobre a doutrina agostiniana


            A filosofia agostiniana baseia-se na busca da beatitude, neste ponto seu pensamento também tem relações com o de Aristóteles, pois “o Supremo Bem se identifica com a felicidade” [41]. Portanto Agostinho é eudemonista [42].
            Agostinho preocupava-se com o que iria lhe acontecer. Fez especulações que voltavam para o entendimento do homem, portanto, seu pensamento, também, tem influências platônicas no que concerne ao entendimento de si mesmo (“Conheça-te a ti mesmo.”).
            Agostinho fusiona as influências aristotélicas e platônicas e afirma que o home de se conhecer para conhecer o que deseja, pois a busca pelo que deseja lhe trará felicidade. Destarte, Agostinho coloca a Filosofia no campo do estoicismo[43], devendo ser ela, então, praticada. Mas, o desejo humano não pode estar relacionado aos prazeres levianas do mundo carnal. Segundo Agostinho o desejo deve estar conjugado à verdade, a felicidade será conseguida pela manutenção de uma vida justa e correta. Justo e correto para ele significa a obediência e o temos a Deus. 


            Fé e razão


A fé e a razão para Agostinho estão ligadas. Diz que “não compreendo tudo que creio, mas creio em tudo que compreendo. Logo a compreensão auxilia a fé.” [44]

Philosophia ancilla Theologine
Filosofia é serva da teologia.

            No sentido agostiniano a razão estava submissa à fé. O cogito também está na obra de Agostinho e foi, posteriormente, trabalhado por Descartes.

“Cogito ergo sum.” [45]
Penso, logo existo.

            O cogito leva ao entendimento de que se existe, por mais que haja dúvidas de onde viemos e para onde vamos, a consciência de existência individual leva à compreensão de que existe algo maior – um ser sublime (Deus).
“Eu sou e sei que sou.” [46]

            Agostinho considera que a palavra mata e que o pensamento liberta, por isso não indica a leitura da Bíblia ao ‘pé da letra’.  


            “O regresso da Alma”, Porfírio


            “O regresso da alma”, também, está relacionado à tese de Foucault sobre o cárcere da alma. A alma nesta vida está presa no corpo e se libertaria com a morte. A libertação, segundo Agostinho, se daria com a purificação da alma, esta que por sua vez se daria pelos sofrimentos da carne em vida. Este seu pensamento está relacionado à filosofia platônica. Também, relacionava-se ao maniqueísmo.  

            O corpo e a alma: relação conflituosa aonde a alma deveria imperar sobre o corpo, mas o que ocorre é o inverso e isso significa o manifesto do mau sobre o bem. A estabilidade entre corpo e alma, para Agostinho, significava “evitar o corpo”.

“A carne é por natureza um martírio da alma.”

            As paixões são vontades da carne, o valor da vontade será medido pela quantidade de vontade. Há boas e más paixões. O amor é uma boa vontade, mas o desejo é uma vontade má.
            Segundo Agostinho, assim como Platão [47], vivemos numa terra a qual não pertencemos, neste mundo somos apenas peregrinos. Para estarmos aqui perdemos a memória [48] de nosso ‘mundo natal’. Na visão agostiniana, os filósofos devem iniciar a relembrança da memória a partir da desvinculo dos desejos carnais e com a intensificação estudos que busquem a beatitude (que levará à transcendência).

“Há uma tirania do corpo sobre a alma.” [49]

            A alma é soberana ao corpo, mas estas teriam brigado por causa de suas vontades serem diferentes e permitiu que o corpo fosse martirizado pelas vontades.  Além disso, a alma proibiu ao corpo seu conhecimento, destarte, o corpo não conhece a alma. E isto consiste no regresso da alma. Há uma contradição entre as vontades do corpo e da alma, mas há a possibilidade de escolha.

Deus criou num gesto a matéria e noutro lhe deu forma. Deus criou a matéria a sua semelhança, mas criou os seres a sua imagem e semelhança.

            Na obra de Tomás de Aquino a anima (alma) tem sentido diferente, não religioso. Para ele todos os seres possuem alma, mas há diferenças de complexidade desta de um animal para um vegetal, por exemplo. A razão faz do ser humano o animal mais complexo.




[1] Graduando em licenciatura/ bacharelado em História pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) - 2014
[2] ROUANET, L.P. Apostila do Mito ao Conhecimento Racional. SJDR: UFSJ, 2014, p.1 cita: Metafísica, Livro 1, 2, 982b 11-21
[3] Séfora Semíramis
[4] Significados para a palavra Logos: Razão; proporção; palavra; verbo; argumento.
[5] Séfora Semíramis
[6] Física (Physeis): Natureza.
[7] Pré-Socráticos, segundo Rouanet, “não deriva de esses filósofos terem vivido antes de Sócrates (...), mas do pensamento que representavam. (...) representavam uma escola de pensamentos autônomos (...), da qual o próprio Sócrates deriva.” (ROUANET; 2014, p.3)
[8] ROUANET, L.P. Apostila do Mito ao Conhecimento Racional. SJDR: UFSJ, 2014, p.3
[9] Idem, p.4
[10] Luiz Paulo Rouanet sustenta uma tese de que Sócrates foi um sofista e não um filósofo. Em sua opinião, um sofista mais qualificado e com mais princípios morais. Sócrates não tentaria convencer as pessoas sobre quaisquer assuntos e sim os que considerava verdadeiros, ou mais próximo de uma verdade.
[11] Fez o livro Antiologias aonde ensinava o posicionamento entre duas opiniões contrárias. Foi ele quem disse que “O homem é a medida de todas as coisas.”
[12] Górgias afirmava que não existia uma verdade, que tudo poderia ser posto como verdade. Ele foi uma espécie de advogado para os termos atuais.
[13] A palavra erista tem sentido de luta/ conflito.
[14] Péricles foi o primeiro sofista político, através dele que os cargos políticos passaram a ser remunerados.
[15] Afirmou isso na obra República, esta que é sua obra prima.
[16] Afirmou isso em sua última obra, Leis.
[17] Liceu foi uma escola concorrente da Academia.
[18] A palavra esotérico, neste caso, dá sentido do que está dentro de algo.
[19] Séfora Semíramis
[20] Sobre a questão da aprendizagem, N. Chomsky diz que o ser humano nasce com a estrutura cognitiva formada e a educação somente a aprimora.
[21] “Refere-se ao sistema de educação e formação educacional das culturas grega e helenistas (greco-romana) que incluíam temas como ginástica, gramática, retórica, música, matemática, geografia, história natural e filosofia,1 ou as chamadas artes liberais. A paidéia era um campo de competição formal especialmente para membros da elite, os agones de retórica (competições) existiam desde a escola e em grande número em festivais locais e regionais.” Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Paideia, acesso em 16, out. 2014.
[22] Séfora Semíramis
[23] ROUANET, L.P. Apostila Aristóteles. SJDR: UFSJ, 2014, p.1
[24] ROUANET, L.P. Apostila Aristóteles. SJDR: UFSJ, 2014, p.2. In: CHAUÍ, M. Introdução à História da Filosofia, vol. I. SP: Brasiliense, 1994, p.232.  
[25] “Conjunto dos saberes (...) que investigam os princípios e as causas de seres” Idem, p.3
[26] Significa ação; ato; atividade aonde o sujeito está vinculado ao ‘produto’ produzido. Diferente de Poieses, aonde o sujeito produz algo independente a ele (uma obra de arte, música, etc.).
[27] Nome dado ao raciocínio dedutivo.
[28] Reprodução de esquema apresentado na Apostila de ROUANTE, Aristóteles.
[29] ROUANET, L.P. Apostila Aristóteles. SJDR: UFSJ, 2014, p.8
[30] Idem, p.9
[31] Idem, p. 10
[32] Similar à concepção platônica de conhecimento através da causa, mas no caso de Kant pelo que o objeto manifesta ser.
[33] É dado pelo fenômeno de suas ações.
[34] Afirmação simultânea de duas proposições contrárias; paradoxo. 
[35] Ibidem.
[36] ROUANET, L.P. Comentários em sala de aula.
[37] ROUANET, L.P. Apostila Santo Agostinho. UFSJ: SJDR, 2014, p.1
[38] Tagaste é uma cidade antiga de Numídia que fica ao norte da África.
[39] “O Maniqueísmo é uma filosofia religiosa sintética e dualista fundada e propagada por Maniqueu, filósofo cristão do século III, que divide o um simplesmente entre o Bom, ou Deus, e o Mau, ou Diabo. [Dizia que] a matéria é intrinsecamente má, e o espírito, intrinsecamente bom.” Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Manique%C3%ADsmo acesso em: 17, out, 2014.   
[40] ROUANET, L.P. Apostila Santo Agostinho. UFSJ: SJDR, 2014, p.3 cita Vida e Obras, op. Cit., p. VI; cf. Rm 13,13.
[41] Ibidem.
[42] Proposição da felicidade com fim das ações.
[43] O dever como fim.
[44] ROUANET, L.P. Apostila Santo Agostinho. UFSJ: SJDR, 2014, p.5
[45] DESCARTES, René.
[46] ROUANET, L.P. Apostila Santo Agostinho. UFSJ: SJDR, 2014, p.5
[47] Teoria do mundo visível e inteligível.
[48] Semelhante a anedota do Rio Lethos que se perde a memória quando por ele se passa.
[49] ROUANET, L.P. Comentários em sala de aula.