GARIN, Eugenio. O Filósofo e o Mago. In: BURKE, P. CHASTEL, A. FIRPO, M. GARIN, E. MALLETT, M. KING, L. LAW, J. TENENTI, A. TODOROV, T. O homem Renascentista. XX: Editorial Presença, xxxx
Por: Séfora Semíramis Sutil Moreira[1]
O Renascimento
O Renascimento é o nascimento da ciência. Tem-se a ideia de que este movimento é a era da racionalização, mas isso dá margem para debates. Neste período vê-se iniciado um processo de laicização, mas isso não significa dizer que as pessoas desta época estavam deixando de ter crenças religiosas. A religiosidade não era uma escolha individual na Idade Média, portanto, as pessoas ainda, mesmo em processo de laicização do Estado, permanecem muito ligadas à religião.
Exemplo disto foram as inúmeras pinturas renascentistas que, em sua maioria, expressavam a fé religiosa. As obras plásticas desta época ganharam formas mais humanas devido a preocupação com a perfeição, típica dos homens renascentistas.
O homem como centro do universo
O homem e sua experiência de vida passam a ocupar o centro dos debates, ou seja, o homem e seu sofrimento se tornam foco das produções literárias, das pinturas, etc. Portanto, a idéia de que o Renascimento foi uma época alegre não se encaixa muito quando visto suas produções, visto que o antropocentrismo coloca em destaque também o lado negativo do homem.
Racionalização
A ideia de razão é do período Medieval, dos Escolásticos (São Tomás de Aquino), portanto, não é do período Renascentista.
Vale desconstruir, também, o entendimento que neste período não havia o misticismo, havia sim (mesmo entre os ditos racionais). A Astrologia e os estudos cabalísticos, por exemplo, faziam parte da ciência renascentista.
Eugenio Garin: Historiador italiano do século XX, de tradição historiográfica italiana, que colocou em dúvida as fronteiras entre Idade Média e Moderna, entretanto, afirma a importância destes postulados para a didatização do conhecimento histórico. Este autor levanta a proposição de que o Renascimento foi a contradição da Escolástica. Esta sua proposição é bastante discutida, pois, por exemplo, o conceito de razão, altamente debatido no Renascimento, se originou com os escolásticos.
Os renascentistas resgatam a questão do olhar (greco-romano) como metáfora do conhecimento – “conhecer é viver”. Na cultura renascentista o olhar/visão é muito importante devido a leitura, a leitura é muito importante neste período – uma experiência sublime. Trata-se de uma cultura que valoriza o conhecimento empírico (experimentação), destarte, contradiz-se com a questão literária. A experimentação é a submissão à natureza; a leitura não.
Os homens renascentistas compreendiam que o conhecimento advindo das leituras só fazia sentido se servissem para a experiência humana no mundo natural. Por isso, tem-se uma busca, nas produções literárias e artísticas, pela perfeição (por retratar com maior proximidade do natural). Isto é uma tentativa de naturalização da cultura.
Pela busca da perfeição era necessário ser crítico, assim, surge o questionamento à doutrinação (ao conhecimento pronto e acabado ao qual não se coloca em debate sua veracidade). A doutrinação, na perspectiva renascentista, distancia o homem do conhecimento, pois ela dá a verdade pronta sem que ela possa ser experimentada. Portanto, para que fosse possível o homem ser mais empírico era preciso romper com a doutrina e a ortodoxia. O conhecimento, nesta visão, estendia-se à prática.
O pensamento renascentista, diz Garin, trabalha o antropocentrismo, coloca em problema o homem. Entretanto, isto não significa dizer que o Renascimento substituiu Deus pelo homem – somente colocou em perspectiva os problemas do homem.
[1] Graduando em licenciatura/ bacharelado em História pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) - 2015
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